27 agosto 2005

Pra que mentir?

imagem: deFocused

Pra que mentir
Se tu ainda não tens
Esse dom de saber iludir
Pra quê? Pra que mentir,
Se não há necessidade
De me trair?

Pra que mentir
Se tu ainda não tens
A malícia de todo homem?
Pra que mentir, se eu sei
Que gostas de outra
Que te diz que não te quer?

Pra que mentir tanto assim
Se tu sabes que eu sei
Que tu não gostas de mim?
Se tu sabes que eu te quero
Apesar de ser traída
Pelo teu ódio sincero
Ou por teu amor fingido?

Por Vadico e Noel Rosa (com alteração de gênero feita por mim)

23 agosto 2005

Muralha em p aR t e S

imagem: jorge tam .:. tempo de cavaleiros...

Se existem pessoas que parecem gostar de sofrer eu faço parte deste grupo. Não sei bem porque, mas tudo sempre se encaminha assim. Força da gravidade, sempre mais forte que meus esforços.
E há momentos em que eu acho que sei e posso tudo, que minha muralha agora será eficaz e que afastará qualquer um que tentar me atingir. Ai você, cavaleiro audacioso, como uma ventania, e num só sopro, fuuuu..., desmorona minha fortaleza. E após o ato triunfal, o teimoso e inevitável dilúvio entra em cena, como quem quer lavar uma alma machucada.
E não sobra pedra sobre pedra, apenas migalhas com as quais eu re-tentarei, em vão, reconstituir o que foi destruído. E qual a sua intenção, porque de tempos em tempos vem a mim como um forasteiro que passa uma noite em cada lugar, e mal nasce o dia se vai, sempre roubando algo muito valioso de mim, um pedaço do meu coração.
E também não entendo porque lhe permito, comoção provinda de tanta surpresa, ingênua esperança que não cessa em mim, ou eu realmente faço parte daquele inóspito grupo.

20 agosto 2005

Achismo

imagem: marília campos

Ultimamente venho refletindo sobre o tema. Paro, peso, quantas vezes acho e quantas certeza.

Achismo: Prática de achar que tudo existente é obra de uma força suprema, sem que seja testado e provado por experiência sobre sua veracidade.
Já foi verdade absoluta na média idade, e o homem chagou a achar que a Terra era plana. Até que surgiu a certeza, baseada em experiências, tudo cientificamente comprovado, tim-tim por tim-tim.
Eu acho, sempre acho. A certeza sempre se esconde atrás de algum dente e empurra o acho para a ponta da língua. Acho que minha certeza duvida de sua própria certeza.
E eu acho que não gosto daqui porque me falta, mais do que o azul do céu, o azul do mar; porque me falta gente desinteressada na vida alheia; falta-me algo que ainda nem sei. E porque eu acho que não ficarei por aqui, acho que poderei te magoar. E acho que tenho certeza de que quero é ir embora.
Eu acho, e acho tanto, isso e aquilo, que pra falar a verdade nem tenho certeza de quem sou.

18 agosto 2005

? Prazer. Meu. Está. Onde


Tantos lugares que de fato não encontrei.

Nas pontas dos pesinhos, na braçada entusiástica, no ritmo que embala, nas palavras calorosas, no canto inaudível, na substância que preenche e esvazia concomitantemente, nos tecidos frouxos, nas gargalhadas silenciosas, na própria pele, no giz pastel, no conjunto de teclas, no abraço volúvel, nas conversas cortadas, na melodia cantada, na palavra emudecida, no pensamento esquecido, em você...

Encontrar
Flagrar
Distraído
Beco
Por aí
Surpresa
Apossar
Força
Tempo
Pensar
Fugir

Talvez no provável Eu onde ainda não procurei.

10 agosto 2005

Carta a quem


Às vezes penso que posso estar enganada como sempre estive.
Como saber ao certo se nada me falas?
O que ocultou antes, agora, calado está para sempre.
Da tua boca não mais a palavra, a letra, o som, o calor, o sabor,
nem ao menos a cor.
Posso praguejar maus pensamentos, perdoe-me.
Sinal da doença de quem nada sabe e tudo quer saber.

Confesso sim, não mais sentir o amor de antes,
chama que se apaga por falta de combustível,
Nunca cinza eterna.
Não desdenhes, não diga que não foi verdade.
Amei como a criança, com a pureza que só ela tem.
Sofri como o carrasco, aquele que levantou a cruz.

Hoje não sei se ainda és carne e calor.
Mas sejas o que fores, fugitivo ou lembrança.
Sei que uma noite saberás.
Nesta doravante...

Ouvi aquela canção, a tua, teu antigo espelho.
Aquele em que não te enxerguei.
Talvez, pensamentos não sintonizados.
Possíveis segredos não compartilhados.
Se o ontem era a verdade que conheci hoje,
culpo-te não ter contado.

Se as que acabo de ler são as preces que repetias em teu leito.
Belas palavras, sábias lições...
Não sei se teu destino.
Esta, minha dúvida eterna.

Desculpe mais uma vez não ter entendido a mensagem.
Eu pensava nessa vida, tu na outra.

"Quando não tiver mais nada, nem chão, nem escada, escudo ou espada, o seu coração acordará...Quando estiver com tudo, lã, cetim, veludo, espada e escudo, sua consciência adormecerá... E acordará no mesmo lugar, do ar até o arterial, no mesmo lar, no mesmo quintal, da alma ao corpo material... Quando não se tem mais nada, não se perde nada, escudo ou espada, pode ser o que se for livre do temor... Quando se acabou com tudo, espada e escudo, forma e conteúdo, já então agora dá para dar amor"

09 agosto 2005

Compreensão

Procure compreender o próximo.
Não magoe aqueles que o beneficiaram.
Procure compreender as palavras e ações dos outros,
especialmente se o amam.
Não fira a sensibilidade alheia, porque você sabe como sofre,
quando fazem isto com você.
Como dói ouvir palavras duras, de ingratidão,
proferidas pelos lábios da pessoa a quem amamos!
Não faça isso!
Procure compreender os outros!

Isso eu preciso aprender, ser menos dura com quem me ama e que eu sei que amo, bem sei como isso machuca.
Me desculpem aqueles que feri com palavas desnecessárias...