05 setembro 2005

Relato diário


Eu já não suporto mais.
O nome disso é opressão.
Parede e cortinas amarelas não cumprem mais os seus deveres.
E os meus ouvidos estão cheios de palavras incessantes.
Não se calam. (Quem as fará parar?)
São todas contra mim.

As vontades ficam contidas.
São tantas coisas que já nem raciocino mais.
E as lágrimas caem.
Os gritos são de desespero,
Último meio de desabafo.
E eu já não suporto mais.

Viver em lugar que não se é compreendido.
Atitudes e anseios nunca são aceitos.
Conversas -discussões- nunca caminham para um lado só.
E a solidão é a única que escuta.
A tristeza é a única que abraça.
O silêncio é tudo que resta.
E as vontades continuam contidas.

Eu não tenho mais aquela idade.
Não sou mais aquela menina.
O ideal é outro.
A inconstância aumenta.
As coisas mudaram e as vontades são as mesmas.

Sentimentos mais intensos,
Novos e desconhecidos,
Um tanto confusos que até dá medo.
O coração ainda pulsa,
Já um tanto machucado e dolorido.
E a essas alturas até a cabeça pulsa.

Continuo aqui,
Prisão doméstica.
Dias repetitivos, nenhuma nova emoção.
Prazer, palavra borrada no dicionário.
Nem sei onde perdi.

E eu não posso,
Eu não sou,
Eu devo,
Eu não direito.
E quem me fez?
Eu não vim pronta.
A culpa não é só minha.
E tirem esses olhos de acusação de cima de mim.
Porque eu já não suporto mais.