31 outubro 2005

Em branco


Já faz algum tempo que alguém saiu batendo a porta.
Não mais ouvi, vi. Não há rastro.
Ficaram algumas palavras não ditas, papéis espalhados. Estes, guardei, tão bem, que ninguém mais toque nem mesmo as minhas mãos.
O que há de concreto é o que se eterniza no abstrato, lembrança, viva ou morta.
O espaço que hoje permanece ali, onde que se fala mesmo? Do lado esquerdo do peito, né. Desocupado. Em branco, aguarda novo morador, não qualquer um, mas aquele que se adeque ao espaço, que saiba como preenchê-lo, que saiba pintar com cores na medida certa, que risque as paredes com sábias palavras.
Com essas palavras descrevo, por hoje, o espaço em branco.



E assim me desenlato!